sábado, 26 de setembro de 2009

Assassinato de professores em Porto Seguro _ Nota pública do PSOL

NOTA PÚBLICA


"Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertold Brecht


A Comissão Provisória do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Porto Seguro torna público seu pesar pela morte dos sindicalistas da Delegacia Regional do Descobrimento da APLB, Álvaro Santos e Elisney Pereira. Ao mesmo tempo, registra sua indignação frente ao bárbaro crime do qual foram vítimas, com fortes evidências de um afronto ao estado de direito democrático, aos direitos constitucionais e os direitos humanos internacionais. Em meio a dor e a revolta dos familiares, amigos e companheiros de jornada, o PSOL apresenta sua solidariedade, afirmando que somente a permanência na luta poderá manter viva a memória desses lutadores do povo e garantir uma investigação rápida e imparcial, bem como a punição dos criminosos.

O assassinato de Elisney e Álvaro aconteceu num momento de intensa mobilização e luta dos professores de Porto Seguro. O movimento buscava imprimir uma nova cultura sindical por meio de ações combativas, transparentes e comprometidas com a educação pública, gratuita e de qualidade, além da exigência de condições dignas para o trabalho docente. A greve decretada no dia 15 de setembro representou o ponto máximo da força do movimento, que paralizou as atividades escolares exigindo reajuste salarial, gestão democrática das escolas, infra-estrutura adequada e formação continuada para os professores. O potencial de luta e a rebeldia da categoria incomodaram vários segmentos da sociedade portosegurense, que resistem à construção de uma cidade mais justa, democrática e do povo. Em conseqüência disso, no dia 17 de setembro, Álvaro e Elisney foram atraídos para uma emboscada, sendo violentamente atacados, resultando na morte imediata de Elisney e ferindo gravemente Álvaro, que, mesmo transferido para Salvador, não resistiu e morreu no último dia 23.

O PSOL acredita que o principal luto da categoria e do povo de Porto Seguro deve ser a continuidade da luta. Defende a necessidade da criação de uma comissão interinstitucional para acompanhar as investigações, reunindo-se semanalmente com os investigadores. Acredita que a greve precisa ser mantida e as negociações retomadas, com objetivo de esgotar o diálogo frente a pauta de reivindicações construída pela categoria. Informa, também, que entrou com requerimento no Ministério Público estadual solicitando acompanhamento rigoroso das investigações e pretende fazer o mesmo na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Por fim, conclama também toda sociedade civil para pressionar o poder público, em todas as instâncias, para acompanhar e acelerar o processo de investigação.

Ousar lutar, ousar vencer.

Porto Seguro, 25 de setembro de 2009.



Chico Cancela
Secretário Geral PSOL - Porto Seguro (BA)
Ação Popular Socialista - Bahia
73 - 8823 4066
71 - 8833 5010
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PREGUIÇA BAIANA – POR NIZAN GUANAES*

Não gosto quando se referem à Baianidade com o estereótipo da preguiça.
Da falta de sofisticação.
Pierre Verger fotografou a Bahia, e os corpos que ele retratou são peitos, troncos e bundas enrijecidas pela história e pela vida dura.


São homens açoitados pela escravidão.
A Bahia é graça, prazer, leveza, mas ela é também luta.
O Brasil ficou independente com um grito em 1822.
A Bahia teve que lutar, morrer e vencer para expulsar de vez os portugueses em 2 de julho de 1823.


Castro Alves, o maior poeta brasileiro, morreu aos 24 anos, deixando uma obra imensa.
Ou seja, trabalhou muito para deixar tanto em um tempo tão curto de sua existência.



Todos os anos o povo da Bahia anda 12 quilômetros com potes de água na cabeça para lavar as escadarias de nosso pai, Oxalá.



No Carnaval baiano, enquanto milhões se divertem, milhares trabalham dia e noite cantando, tocando, vendendo, para que o nosso povo e gente de todo o mundo possam se divertir.


Além disso, quem construiu todas aquelas igrejas, aqueles fortes, monumentos?
Nós.
Quem colocou cada pedra no Pelourinho?
Nós.
Quem foi açoitado no tronco que deu ao Pelourinho seu nome?
Nós.


Quem escreveu músicas, filmes, encenou, pintou, esculpiu parte significativa da produção artística deste país?
Ano após ano, década após década?
Nós, os baianos.



Joana Angélica, Maria Quitéria são ruas no Rio de Janeiro, mas na Bahia são sofrimento, luta e heroísmo.


A Bahia é luta, mas ela compreende que a vida não é só isso.
E não é.



E é por isso que essa tal Baianidade atrai em todas as férias e feriados estressados de todo o mundo.



Na costa da Bahia, o melhor conjunto de resorts do Brasil foi construído para que você possa experimentar o melhor da vida, e a gente trabalha enquanto você descansa.



O reitor Edgard Santos, baiano de boa cepa, fez uma das significativas obras de produção acadêmica e cultural, com contundente dedicação.



Lamento que a Bahia seja tão amada, tão exaltada e tão pouco compreendida.



Todos aqueles coqueiros e boa parte das frutas e especiarias que a Bahia tem não nasceram ali: vieram de outras índias e foram plantados pelas mãos calejadas do povo da Bahia.


Mas o mundo é de percepção.
E, lamentavelmente, as novas gerações, por incompetência nossa, herdaram a parte mais vulgar, mais inculta, mais básica e folclórica desta Baianidade.



Cabe a nós, os velhos, passarmos pela tradição oral, que é de fato Baianidade.


E lembrar a quem dança na Bahia que, enquanto ele dança, alguém toca.
Que enquanto ele reza, alguém constrói igrejas.



Ou seja, na Bahia o trabalho é voltado para o lazer e encantamento do mundo.



E toda vez que você chegar estressado e branco e sair moreno e feliz, chegar descrente e sair otimista e apaixonado, nosso trabalho, nosso papel no mundo estará sendo cumprido.



Baianidade é enfrentar a dura vida de uma maneira que ela pareça menos dura e mais vida.



E para que exerçamos a plena Baianidade, é preciso que entendamos plenamente do que é que somos orgulhosos.



Sou orgulhoso da Bahia mãe de Menininha, Cleusa, Carmem, Stella, do grande Obarain e de Padre Sadock, Padre Luna e Irmã Dulce.



Sou orgulhoso da Bahia de Ruy Barbosa, Glauber, ACM, Luis Eduardo, Jaques Wagner, Waldir Pires – estilos diversos da mesma paixão baiana que nasceu no 2 de julho.



Sou orgulhoso de Gil, Caetano, Bethânia, Gal, de Jorge, meu amigo amado.



Sou orgulhoso de Carybé, Verger, Lícia Fábio, que não nasceram na Bahia, mas a Bahia nasceu deles.


Sou, enfim, orgulhoso dos filhos da Bahia.
E por isso sou tão orgulhoso do Brasil.


O Brasil é o maior filho da Bahia.
Ele nasceu lá no dia 22 de Abril de 1500 e é por isso que os brasileiros ficam tão felizes quando vão à Bahia.
Porque eles estão, na realidade, visitando os parentes, revendo suas raízes.



Baianidade é enfim o DNA do Brasil, é o genoma do país.



Quando o Brasil vai à Bahia, ele volta para casa.







(*Nizan Guanaes, autor deste texto, é baiano de Salvador, publicitário e empresário)

Quase um terço das grávidas no Brasil são adolescentes

06/08/2009 - 11h08

Por Thiago Romero, da Agência Fapesp
Estudo para avaliar a prevalência do uso de drogas durante a gestação, feito por pesquisadores da Unifesp, aponta que 17,3% consumiam tabaco, 2,8% álcool e 1,7% drogas ilícita.

Um estudo feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que avaliou a prevalência do uso de drogas durante a gestação de mil adolescentes atendidas em um hospital público de São Paulo, verificou que o consumo de tabaco, álcool e drogas ilícitas foi de 17,3%, 2,8% e 1,7%, respectivamente.

O objetivo da pesquisa foi descrever as condições sociodemográficas e comportamentais associadas com a gestação na adolescência no hospital, localizado na periferia da zona norte da capital paulista, com alto índice de vulnerabilidade juvenil e no qual 25% dos partos realizados são de adolescentes.

O trabalho, coordenado por Ronaldo Laranjeira, pesquisador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, integra o Projeto Temático Uso de Drogas por Gestantes Adolescentes, apoiado pela FAPESP para estudar a prevalência do uso de drogas e os fatores de risco para seu uso durante a gravidez.

“Quase um terço das grávidas no Brasil são adolescentes e, nesse estudo específico, estamos falando de mil jovens que estavam no terceiro trimestre de gravidez. Então, considerar que 17,3% delas fumavam durante a gestação é uma estatística alta e preocupante, podendo provocar impactos no feto”, disse Laranjeira à Agência FAPESP.

Quanto ao uso de drogas durante a gestação, as adolescentes que fumavam disseram que ingeriam, em média, cinco cigarros por dia e, do total das que disseram consumir álcool, 26,6% admitiram ter ingerido pelo menos em uma ocasião durante a gestação, sendo 2,8% de forma abusiva.

No que se refere a outros tipos de drogas, como maconha e cocaína, além das 17 (1,7%) que admitiram ter usado durante a gestação, seis (0,6%) relataram uso de droga injetável e 24 (2,4%) disseram ter tido relação com um parceiro usuário de droga injetável.

O levantamento, que foi aprovado pelos Comitês de Ética e Pesquisa da Unifesp, aponta ainda que a média de idade das participantes foi de 17 anos, sendo que 17% tinham até 15 anos.

“Apesar de ficarmos mais atentos à questão do uso de álcool e drogas, que obviamente é o que mais nos preocupa, o assunto da gravidez na adolescência também é um problema de saúde pública muito maior do que imaginávamos”, disse Laranjeira.

Segundo ele, das mil adolescentes analisadas, 93% pertenciam às classes econômicas C, D e E e 68% tinham renda familiar mensal de até quatro salários mínimos, sendo que apenas 9,7% disseram estar trabalhando. Outro dado é que, independentemente da faixa de idade, mais da metade das adolescentes (67,3%) não estudava no momento da entrevista.

Ainda do total, 81,2% não tinham planejado a gestação, 60,2% associavam o abandono da escola com a gravidez e apenas 23,7% faziam uso de método contraceptivo. Em relação ao comportamento sexual, a média de idade de início de atividade sexual foi de 15 anos, variando de 10 a 19 anos.

Tratamento específico

“Um dos resultados que mais impressionam nesse estudo é justamente o alto índice de gravidez entre as adolescentes, sendo que normalmente 20% delas têm o segundo filho ainda na adolescência. E outros estudos indicam que esse alto índice está se mantendo e até aumentando”, disse Laranjeira.

Quanto à estrutura familiar, o estudo mostra que apenas 7,2% das mulheres eram casadas legalmente, mas 62,7% delas disseram viver com um companheiro.

De acordo com Laranjeira, esse e outros estudos conduzidos por pesquisadores da Unifesp têm fornecido subsídios importantes para o estabelecimento de estratégias e políticas públicas específicas para a população feminina.

“Os dados da Uniad têm sido replicados em outras linhas de pesquisa e também temos tentado dialogar com as várias esferas de governo para a criação de políticas públicas voltadas à diminuição da maternidade precoce e do consumo de drogas na adolescência, tanto no que diz respeito às questões preventivas como no âmbito do tratamento”, disse.

Laranjeira antecipa que um dos resultados desses diálogos deverá se concretizar em breve com a criação, pelo governo do Estado de São Paulo, de uma unidade de saúde voltada exclusivamente ao tratamento de mulheres com problemas de dependência química. “Esse é um projeto que deve ser inaugurado ainda este ano em São Bernardo do Campo”, disse.

(Envolverde/Agência Fapesp)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Seu coração, sua personalidade Pesquisadores identificam assinatura cardíaca da personalidade emocional

Nas artes, o coração é freqüentemente associado às emoções humanas, como no quadro acima – Ela tinha um coração! (Anatomia do coração), pintado pelo espanhol Enrique Simonet y Lombardo (1863-1927).

Sabem por que os antigos egípcios retiravam o cérebro dos corpos que iam mumificar, mas mantinham o coração? Porque consideravam que estaria neste órgão quente, vermelho e pulsátil a nossa alma – razão e emoção – e não na massa fria, esbranquiçada e gelatinosa que compõe o cérebro.

Lentamente, ao longo da história, o cérebro foi adquirindo o status de sede das nossas mais complexas capacidades cognitivas e emocionais, e o coração – com todo respeito – se resumiu a uma bomba distribuidora de sangue aos órgãos e tecidos.

Mas a ciência nos surpreende diariamente, com suas descobertas e revoluções que às vezes viram de ponta-cabeça as idéias estabelecidas e consolidadas. Foi o que se deu com o estudo das emoções nas últimas décadas. Firmou-se a idéia de que a mente – baseada no cérebro – compõe um conjunto de funções inseparáveis e densamente articuladas com o restante do corpo.

O psicólogo americano William James (1842-1910) propôs, pioneiramente, que as emoções que sentimos diante de certos acontecimentos da vida são conseqüência das alterações corporais que eles provocam. Em outras palavras: não choramos porque ficamos tristes, ficamos tristes porque choramos. Parece estranho, não é? Apesar disso, a neurociência das emoções tem fornecido evidências experimentais de que esse estranho conceito pode ser verdadeiro.

O estreito vínculo entre a mente e o corpo, mais especificamente entre o cérebro e o coração, foi objeto de um estudo de grande relevância liderado por Stefan Koelsch, do Instituto Max Planck de Ciências Cerebrais e Cognitivas, na Alemanha. O grupo se propôs a analisar a personalidade emocional das pessoas e topou com a surpreendente revelação de que ela está “impressa” no coração.

Personalidade emocional

Traçado de eletrocardiograma representando em vermelho os segmentos medidos para calcular o índice E k .
Como você é? Emociona-se facilmente com uma música triste? Uma final de campeonato? A formatura de um filho ou irmão? Ou é do tipo mais controlado, que encara mais friamente esses eventos cotidianos? De um modo ou de outro, cada um tem a sua personalidade emocional, e sabemos todos que ela nos impõe mudanças corporais quando um desses eventos ocorre: lágrimas, taquicardia, tremor das mãos, respiração ofegante...

O que o grupo alemão encontrou em seus experimentos foi que o funcionamento normal de nosso coração, fora de qualquer evento extraordinário, reflete a nossa personalidade emocional. Para isso, eles criaram um indicador quantitativo da atividade cardíaca, medida por meio do eletrocardiograma, calculando um índice que chamaram E k , estimado a partir do tamanho das diferentes ondas do eletro.

Dentre um numeroso grupo de voluntários jovens, os E k variavam entre um mínimo de 0,04 e um máximo de 2,06 em condições normais, sem qualquer exposição a estímulos de ordem emocional. Os voluntários foram então separados em um grupo com os valores mais baixos de E k e outro com os valores mais altos. Ambos foram submetidos a questionários padronizados capazes de aferir o seu perfil emocional.

Uma assinatura cardíaca da personalidade
Alguns dias depois do registro do eletrocardiograma, voluntários de ambos os grupos foram submetidos a testes funcionais ao mesmo tempo em que ouviam trechos musicais agradáveis e desagradáveis retirados de obras de compositores contemporâneos e históricos. Os trechos desagradáveis eram obtidos manipulando eletronicamente os trechos agradáveis, de modo que as notas eram as mesmas, mas a sua seqüência era completamente diferente – e estranhamente dissonante...

A animação mostra um coração humano batendo, visualizado em um corte do tórax por meio de técnicas radiológicas especiais (imagem: G. D. Clarke).
Os testes realizados durante a audição musical foram exames de ressonância magnética funcional, que revelavam o envolvimento das áreas cerebrais que processam emoções, e o registro da freqüência cardíaca e suas variações. Durante o intervalo dos testes, os voluntários davam uma nota para cada trecho ouvido, segundo o grau de prazer (ou desprazer) que sentiram. Para aferir se estavam prestando atenção, deviam tamborilar com os dedos o ritmo da música.

O experimento indicou ativação das áreas cerebrais sabidamente envolvidas com as emoções, como era de esperar. Mas o mais interessante é que a intensidade da ativação cerebral foi maior nos indivíduos com maior E k , e menor no caso contrário. Da mesma forma, os primeiros apresentavam maior variabilidade da freqüência cardíaca, e os segundos uma freqüência mais estável. Além de tudo, o E k dos voluntários correlacionava-se com o seu perfil emocional aferido pelos questionários.

O resultado não deixou dúvida: o grupo de voluntários com E k mais baixo era composto pelas pessoas menos emotivas, isto é, com a personalidade emocional mais estável, menos influenciável pelos eventos externos. O contrário ocorreu para as pessoas com E k mais alto – aquelas que se emocionam facilmente com qualquer coisa.

A conclusão é forte: teríamos todos nós uma “assinatura cardíaca” de personalidade.. Nosso coração, nossa emoção. Assim, a forma como nosso coração funciona em situações normais por si só representaria um marcador capaz de predizer nossos traços emocionais. Parece que os poetas sabem o que dizem, como o alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843): “Se tens razão e coração, mostra somente um deles, pois ambos te condenariam se os mostrasses juntos”.

SUGESTÕES PARA LEITURA
Koelsch, S. e colaboradores (2006) Investigating emotion with music: an fMRI study. Human Brain Mapping, vol. 27: pp. 329-350.
Koelsch, S. e colaboradores (2007) A cardiac signal of emotionality. European Journal of Neuroscience, vol. 26: pp. 3328-3338.
Oliveira, L. e colaboradores (2008) Processamento emocional no cérebro humano. Cap. 12 de Neurociência do Cérebro e do Comportamento (R. Lent, coord.), pp.253-269, Guanabara-Koogan: Rio de Janeiro.
Roberto Lent
Professor de Neurociência
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
27/06/2008

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA AO FORRÓ ATUAL

Tem rapariga Aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão... Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, de todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Para uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do Forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém os culpados desta 'esculhambação' não são exatamente as bandas, ou os empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.

Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo...

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

domingo, 6 de setembro de 2009

COMO NASCE UM PARADIGMA???

Como nasce um paradigma

"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO". Albert Einstein

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.

Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de um tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas.

Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.

A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram.

Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.

Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato.

Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Salvador se mobiliza para o Grito dos Excluídos

Vida em Primeiro Lugar: A Força da transformação está na organização popular. Este é o tema do Grito dos Excluídos deste ano, tradicional manifestação popular que acontece anualmente no dia 07 de setembro em diversas cidades do Brasil e da América Latina.



Em Salvador, a mobilização para o Grito está envolvendo diversos bairros populares da cidade, com os Pré-Gritos da Semana Social, que acontecem entre os dias 31 de agosto e 03 de setembro. A caminhada do Grito acontece logo após o desfile oficial, do Campo Grande à Praça Castro Alves. Em Aracaju, a caminhada parte da Praça da Catedral, às 11h, passa pela Assembléia Legislativa e segue até a Praça da Bandeira. Em Sergipe, a manifestação também acontece no município de Boquim, pela manhã, protagonizada pela Cáritas de Estância e movimentos sociais.



O principal objetivo do Grito dos Excluídos é denunciar todas as formas de exclusão e as causas profundas que levam o povo a viver em condições de vida precárias. Cada vez mais, as entidades e movimentos de defesa e promoção de direitos vêm investindo na atividade como forma de denunciar o modelo de desenvolvimento e crescimento econômico que resulta em desigualdade social, miséria, violência e devastação ambiental. Além disso, estas organizações buscam revelar alternativas de desenvolvimento que sejam pautadas na organização e participação popular e que têm como princípio a convivência com os biomas, a segurança alimentar, a economia solidária, a equidade de gênero, etnia e geração, dentre outros.



O papel da Semana Social é envolver as comunidades numa reflexão mais aprofundada sobre os problemas que afligem a cidade e o país. Na Bahia, a abertura está prevista para as 19h da próxima segunda-feira (31/08), no auditório do Centro Bom Pastor (Garcia), em Salvador. Os Pré-Gritos acontecem nos dias 01, 02 e 03 de setembro, em acampamentos e comunidades de Salvador e região metropolitana: Mata Escura, Alto do Peru, Pau da Lima, Centro Histórico, Água de Meninos, Cajazeiras, Jardim Eldorado, Tororó e Acampamento do MSTB, na BR 324. Os Pré-Gritos são momentos preparatórios em que as comunidades organizam oficinas sobre diversas temáticas. O resultado das oficinas é exposto de forma lúdica no encerramento da Semana Social e na caminhada do Grito.



O Grito dos Excluídos é uma ação organizada pelos movimentos e entidades populares. O Fundo Nacional de Solidariedade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira são alguns dos apoiadores. Para a assessora da Cáritas, Cátia Cardoso, o tema da organização popular será trabalhado num momento crucial. “Os movimentos e organizações sociais estão numa condição de fragilidade e fragmentação”, disse.



Quem precisar de informação e material deve fazer contato pelo telefone (71) 33568013 ou pelo e-mail caritasne3@caritas.org.br

PARNASIANO

Lapidação das palavras

Presente o descritivismo

Arte pela Arte

É o ideal do Parnasianismo



Métricas são perfeitas

Formalismo da poesia

Preferência pelos sonetos

Volta da mitologia



É uma poesia plástica

Palavra é a matéria prima

Imagens com muitas cores

Ricas são as suas rimas



Olavo Bilac é um príncipe

Um ourives da palavra

Além do amor sensual

Patriotismo exaltava



Na Profissão de Fé

Criou manifesto parnasiano

Não quis saber dos problemas

Considerados urbanos



Na tríade parnasiana

Temos Raimundo Correia

Além de Olavo Bilac

E Alberto de Oliveira



Alberto de Oliveira é ortodoxo

Preso ao rigor formal

Correia aproxima-se do Romantismo


Com a mulher ideal.




VC ENCONTRA ESTA MÚSICA PARA OUVÍ-LA NO SITE:
http://www.micropic.com.br/noronha/MP3/Literatura/10.mp3