segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACHADO DE ASSIS!!!!


Cartas de Machado...

Ao lê-las conhecemos um pouco mais desse mago das letras, o Bruxo do Cosme Velho.

Bj e boas leituras

Este é o link:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI13538-15254,00-A+CORRESPONDENCIA+DE+MACHADO+DE+ASSIS.html

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Construindo o prazer pela leitura: minha infância, minha escola

Alexandre Fernandes


Encontrar o prazer pela leitura é o que de melhor podemos fazer por nós. Não tenho dúvidas disso. Penso que ninguém em sã consciência admite o contrário. Numa sociedade grafocêntrica como a nossa, sabemos bem a que coisas está sujeito aquele que não domina a leitura (claro que a escrita também, mas me aterei aqui à leitura). A leitura é capaz de nos transportar para outros mundos, iluminando-nos. É capaz de nos fazer transcender.

Há um escritor de quem gosto muito, o Milton Santos. Ensinou-me (além de outras milongas) sobre o “não-lugar”, sobre o “não-tempo” ao qual nós todos, pobres mortais, fomos conduzidos, resultado de um mundo globalizado e pós-moderno.

Hoje, por conta da tecnologia com seus satélites e fibra óptica, conversamos com pessoas em qualquer parte do mundo em tempo instantâneo, real time. Preferimos ir à Capital fazendo o trecho aéreo Porto Seguro – Salvador do que ir de Porto à Canavieiras. Advinha quem chega primeiro. Se contarmos com o trânsito das cidades grandes, esta analogia fica ainda mais interessante.

A noção que tinham os Modernos de tempo e espaço se desmanchou no ar, parafraseando Marx. Vivemos a era da incerteza, do irreal, do simulacro em que o lugar e o tempo não existem mais. Isso é um fato.

Contudo, é a leitura, mais do que qualquer processo tecnológico, que nos faz transcender, lançando-nos a um outro mundo. Borges dizia que a leitura é uma forma de felicidade. Contumaz leitor, cego aos 57 anos, não se fez de rogado, tinha quem lia para ele. Apossou-se dos olhos dos outros para poder ler e continuar se regozijando. Borges queria continuar feliz. Creio ter feito isso com minha mãe; apropriei-me de seus olhos durante certo tempo.

Quando era pequeno, ela contava histórias gostosas. Era muito divertido e sempre pedia para repetir. Tinha trechos em que avançava e eu mesmo “tomava as frentes” e contava o resto da história. Outras vezes pedia para ir mais devagar. Não sabia, mas eu já estava lendo mesmo sem ir prá escola. A leitura, ainda bem, independe da escola.



Claro que a escola é um espaço para sistematizar a leitura, mas muitas vezes acaba prestando um desserviço. Para os interessados nos assunto, há o livro da professora Magda Soares, Linguagem e Escola.

Voltando as gostosuras de mamãe. Às vezes na parte em que a bruxa oferecia a maçã à Branca de Neve, pow! uma magia acontecia. Eu era enfeitiçado e franzindo os olhos, saboreava aquelas palavras, deliciando-me com elas, sorvendo-as lentamente como quem demora ao máximo para ler o último capítulo de um livro que está gostando. Ficava agitado, o coração palpitando até que a Branca de Neve acordava com o beijo do príncipe. Encantado.

Teve um dia em que mamãe resolveu me apresentar ao Pinóquio. Acho que estava, na verdade querendo me ensinar algumas coisas como ser um menino comportado e não mentir, principalmente. Mas, quando a gente é criança, o que crescem mesmo são as orelhas. A tia da escola sempre as puxava. Aliás, não me lembro da tia contando histórias não. Lembro de mandar escrever o lema da bandeira do Brasil em uma prova na primeira série. Primeira série, sete anos, e meu tempo já era desperdiçado.

Estudei em colégio de padres. Lá tinha uma biblioteca com muitos livros. Ficava trancada sempre. A gente só poderia ir lá quando estivesse na quarta série. E quando lá chegasse tinha um dia específico para a leitura: às sextas, durante a tarde. De manhã tinha aula.

Acho que por conta de mamãe, minha vontade de chegar à quarta série e ter acesso aos livros foi enorme. Parecia eu o Adso de Umberto Eco querendo chegar à torre onde a Igreja guardava seus livros.

Minha primeira vez foi maravilhosa. Lembro-me dos detalhes. Naquele espaço mágico havia livros de capa dura com desenhos. Ilustrações. Muitas. Quando virava o livro de posição, o desenho da capa mudava e mudava de novo e mudava. Eram vários livros, todos com letras grandes e muitos desenhos. Várias histórias. E o bom é que ninguém nunca me cobrou nada sobre essas leituras, como teimam em fazer com os meninos e meninas que vão para o vestibular.

Me causa – pronome usado erroneamente, dirão os gramatiqueiros –, digo, causa-me estranheza essa coisa de ter de ler para o vestibular. Já pensou ler João Ubaldo Ribeiro, Viva o povo brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, Rosa do Povo, Graciliano Ramos, Vidas Secas porque é uma exigência de um dia de prova? “Devolver” essas preciosidades em um dia? Em quatro ou cinco perguntinhas?

Ninguém deveria ser obrigado a ler. Nem obrigado a responder perguntas que os próprios autores dizem não entender (este período ficou ambíguo, de propósito?).

Como construir prazer pela leitura quando há uma pedagogia da não leitura em nossas escolas? Pra que dia da leitura? Se quisermos que os meninos e meninas leiam, a leitura deve estar presente de segunda a sexta, do início ao fim do ano, os “no mínimo” duzentos dias letivos.

Mas não é isto o que acontece. Nas escolas, muitas vezes, por conta de certas exigências e conteúdos que “precisam ser cumpridos”, atropelamos o prazer, sacrificamos o sabor da descoberta da leitura.

Mas como assim “conteúdos que precisam ser cumpridos”? Quem disse isso? Que currículo é esse? A favor de quem foi construído? Contra quem? Normalmente a resposta é o vestibular, o mercado, o sistema.

Às vezes fico achando que as escolas são um espaço meio chato. Séria, chata, dura. Espaço para fazer ciência é o que dizem. Já reparam nos rostos de alguns cientistas? É uma gente pouco afeita aos brinquedos, como diria Rubem Alves, e por isso, pouco feliz. É uma gente que, normalmente, também não lê. E o que é o pior. Exigem que os outros leiam. Aliás, está cheio de professor que não lê e diz que os meninos e meninas...

Retornando ao vestibular, alguns iluminados podem até dizer que descobriram sim o prazer pela leitura tendo de estudar (todas as disciplinas e ainda ler os livros) para os vestibulares da UESB, UNEB e UFBA. Um catatau de coisas para cumprir, não é mesmo? Por isso, desconfio.

Eu prefiro confiar mesmo é em minha mãe. Lendo para mim abriu portas para a leitura do mundo. Lendo e relendo. Sem me cobrar nada. Lendo apenas. Inventando histórias. Deveríamos ter espaços para contação de histórias nas escolas. Seria bacana...

Uma vez, Hans Christian Andersen entrou lá em casa. O patinho feio. O soldadinho de Chumbo. Com suas histórias me ensinou muita coisa. Uma delas foi a ousadia de apontar: O rei está nu! O rei está nu!

Talvez seja o caso, se quisermos mesmo formar leitores poderíamos começar seriamente por re-ler “histórias infantis”. O Rei está nu é boa pedida. Fica o convite para transcender. Senão, poderíamos reler o Pinóquio, sem ofensas, é claro.

É possível produzir textos bons, eficientes e inteligentes??

Ela: da gramática à Língua Portuguesa


Bruno Elinton Guimarães de Araújo - EI 11

Língua Portuguesa. Ô materiazinha chata! Era o que eu dizia desde... Não sei ao certo. Só sei que era um tal de sufixo, prefixo, advérbio, predicado, entre outros que não me deixavam em paz.
Lembro de uma certa vez em que minha professora do ginásio passou uma de f... Como dependia dessa prova para passar de ano, tratei de decorar tudo quanto era regra de gramática. Era tanta regra quanto as de uma escola militar, e o pior era que eu não podia fazer nada a não ser decorá-las. Resultado: Fiz a prova, e, por incrível que pareça passei.
Foi a partir desse momento que percebi que a gramática nada mais era que regras á serem decoradas. Regras chatas, mas, necessárias admito. Os anos foram se passando e em minha cabeça ia se formando o conceito de que a Língua Portuguesa era uma matéria que nos queria fazer “andar na linha”
Penso que a maior parte... Ou melhor dizendo, toda a minha vida no ginásio fora como a vida de um vassalo na Idade Medieval, onde a gramática era o clero e ao mesmo tempo o rei e os nobres, e eu seu mísero vassalo. Porém como o feudalismo passou a minha vida de vassalo também passaria. E foi exatamente o que aconteceu. Isso só possível graças ao meu ingresso no CEFET-BA de Eunápolis.
Foi aqui onde comecei realmente a pensar o mundo. Ler textos, livros e assistir a bons filmes viraram hábitos e isso me fez perceber o quanto de conhecimento perdi no ginásio e como a gramática aprisionava não só a mim, mas também meus ex-colegas.
Desde então consegui com a ajuda de meus professores, ficar por cima dessa “maldita”, consegui fazer com que a gramática fosse algo fácil de ser encarado e conseqüentemente a temível Língua Portuguesa.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Reforma Ortográfica _ A língua e suas mudanças

Queridos, a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, um acordo discutido desde 1990, vai entrar em vigor a partir de janeiro de 2009 nos oito países que falam o idioma. Ao todo, 230 milhões de pessoas terão de se habituar às novas normas!

Me cobrem isso! Tenho um arquivo pdf sobre as norvas regras, seria bom fazer esse material circular. Assim, em nosso próximo encontro vocês poderiam levar pen drive, mp4 ou equivalente para copiar.

Vou mandar para o email do Grêmio, talvez eles possam reenviar, não sei...

Abraços

Alexandre

sábado, 20 de setembro de 2008

Videos

Assistir é fundamental. Ou melhor, acessar.

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM880352-7823-EDUCACAO+NO+BRASIL,00.html

Este é sobre a questão da Universidade.

Abraços

Alex

Vídeos

Queridos vídeo para assistir. Tem filósofo falando. E feito pela Globo, não fica chato não, né!! E está falando de um tema fundamental. A educação...

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM740060-7823-O+VALOR+DO+AMANHA+A+IMPORTANCIA+DA+EDUCACAO,00.html

Abraços

Alex

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A Gramática no Cordel __ Janduhi Dantas

Previlégio ou Privilégio?


É com e ou é com i?
Preste atenção no recado:
Quem pronuncia ou escreve
Previlégio está errado,
Quem grafa ou diz privilégio
É um privilegiado


Maisena, com s


Maizena escrita com z
É a da marca afamada,
A maisena da gramática
É a com s grafada:
S depois de ditongo,
Diz a regra, camarada!


Porque de todo jeito


O emprego dos porquês
Há quem ache complicado.
Há porque de todo jeito:
Porque junto, separado,
Com acento, sem acento,
Há porque pra todo agrado!


Porque junto e sem acento
Será uma conjunção
Explicativa ou causal,
De um pois tendo a função:
"Mateus está de castigo
Porque não fez a lição".


"Por que não telefonou?"
(Veja como está grafado):
Na frase interrogativa,
Sem acento e separado
"Por que não disse a Maria?",
"Por que não deu o recado?"


Por pelo qual e flexões
Por que também é usado
(Sendo a preposição por
Ao pronome que ligado):
"Sei que é grande o sofrimento
Por que você tem passado".


Quando for substantivo,
Porquê junto, acentuado;
Vindo depois de artigo
E por motivo empregado:
"Ele não disse o porquê
De à aula ter faltado".


Por quê — em final de frase
Interrogativa ou não.
E o que é acentuado
Se no fim da oração:
"Lumária te disse o quê?"
(Entenda, preste atenção!).

Textos para leitura

Senhores, atenção

Caros Amigos - Ano XII - número 138 _ Setembro

relação de textos da Revista Caros Amigos -
(verifique se os textos estão no site da Revista ou então você os encontrará na Copimax)

Ausênsia do livro - Ana Miranda
O racismo lingüístico do Brasil - Marcos Bagno
Somos todos pós-modernos - Frei Betto
Josué de Castro, vive! - João Pedro Stédile
Os cem anos de um precursor da renda mínima - Eduardo Suplicy

domingo, 14 de setembro de 2008

A AMAZÔNIA E A COBIÇA INTERNACIONAL

(Senhores, este texto me foi indicado por Paulo da EI 11. É necessário e importante. Segue o texto)


Artigo publicado no Momento em 28.11.2001

Prof. Marcos Coimbra

Professor Titular de Economia na
UNiversidade Candido Mendes, Professor na
UERJ e Conselheiro da ESG


A Amazônia corre sério risco. O Plano Colômbia está em plena execução. Com o pretexto de combate ao narcotráfico, os americanos já estão na parte colombiana da floresta amazônica. Não é de hoje que a rica região amazônica brasileira é alvo da cobiça internacional. A estratégia atualmente adotada pelos "donos do mundo" para conquistar a Amazônia não é pelo confronto direto e sim por via indireta, como, por exemplo, através da demarcação de terras indígenas.

Na realidade, já existem precedentes bem conhecidos por todos nós, brasileiros. Em 1850, os EUA já pregavam a ocupação internacional da região. Em 1930, o Japão defendeu a tese de abrigar naquela área excedentes populacionais. Em 1949, a UNESCO sugeriu a criação do Instituto Nacional da Hiléia Amazônica, com funções executivas. Em 1960, o Instituto Hudson defendeu a tese da criação de sete lagos na região. Em 1992, a chamada ECO-92 (Conferência Internacional), realizada no Rio de Janeiro, avançou o processo. A seguir, constatamos a realização, em maio de 1993, de manobras das Forças Armadas dos EUA, a menos de 100 km de nosso território, sob a desculpa de combate ao narcotráfico, ao mesmo tempo em que construíram gigantesca base aérea no Paraguai e adestraram uma divisão especial para combate na selva.

Em novembro de 1993, a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Índios, já preparando a criação da chamada "nação yanomami", a ser transformada posteriormente num "estado soberano". É sabido que os EUA concederam 28 ha de terra a cada índio norte-americano, enquanto o governo Collor destinou cerca de 9 milhões de ha a alguns milhares de índios yanomamis, em faixa contínua à concedida pela Venezuela, onde também a mesma tribo conseguiu um terreno equivalente para não mais de 3.000 índios. É muita coincidência. Um índio levaria mais de 70 anos para percorrer, andando, de um extremo a outro, a área demarcada.

O Conselho Mundial das Igrejas, em seu documento "Diretrizes para a Amazônia", prescreve a internacionalização da área. O ex-presidente François Mitterand declarou que "alguns países deveriam abrir mão de sua soberania em favor dos interesses globais". O ex-presidente Gorbachev afirmou "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais". O ex-vice-presidente dos EUA, Sr. Al Gore, bradou: "a Amazônia é um patrimônio da humanidade e não dos países que a ocupam". E o estrategista da guerra do Vietnã, Sr. Henri Kissinger, enfatiza: "não devemos permitir que surja, ao sul do Equador, mais um tigre asiático". Todos na linha da defesa da extinção do Estado Nacional Soberano brasileiro, da restrição da soberania, da reunião das nações indígenas, do desmonte das Forças Armadas brasileiras, da prevalência das questões ecológicas. Qualquer semelhança não é mera coincidência. E há "brasileiros" que estão de acordo com isto. Por muito menos Joaquim Silvério dos Reis passou à História como traidor da pátria.

Lembram-se das festividades dos 100 anos do Teatro de Manaus, quando uma fortuna foi paga ao tenor Carreras, do filme Anaconda, rodado na região, e na edição de duas séries especiais contra a "destruição da Amazônia", dos seriados Super-Homem e Robocop ? Tudo isto faz parte da gigantesca orquestração dos "senhores do mundo", que financiam regiamente a mídia internacional e nacional para difamar o Brasil, vendendo a idéia de que não temos condições de administrar nosso território. É o emprego da expressão psicossocial.

Na expressão econômica, os organismos internacionais vão até o limite do intolerável em suas pressões. Recentemente , foi quebrado, na prática, o monopólio do petróleo, pelo Dr. David Zylbersztajn, com a licitação de 27 áreas de nove bacias sedimentares brasileiras em junho. A participação das multinacionais no faturamento da indústria passou a 44% e das empresas estrangeiras no segmento das grandes empresas passou para 42%. O crescimento do controle estrangeiro das empresas nacionais cresceu para 35% em 1997. E os alienígenas responderam por 44% do total exportado pela nação em 1997. Das 530 maiores empresas do país, 50% não pagam imposto de renda e das 66 maiores instituições financeiras, 42% também não recolhem, além de 34% dos tributos pagos pelas empresas estarem "sub judice". A cada R$ 1,00 arrecadado corresponde R$ 1,00 sonegado. O pagamento de juros nominais atingirá mais de 120 bilhões em 2001.

Na expressão militar, foi criado o Ministério da Defesa. O Comandante do Exército advertiu: novas restrições exigem estudo acurado para que não " atinjam a capacidade operacional das Forças , no cumprimento de suas missões constitucionais".

Na expressão política, procuram validar ações danosas ao Brasil, tornando-as irreversíveis. O presidente FHC proclamou, em discurso pronunciado no dia mundial do meio ambiente, às margens do rio Japurá: "Esta Amazônia é e será cada vez mais de brasileiros conscientes da importância da Amazônia. Se não houver continuidade das ações a questão ecológica nunca será resolvida no país". E, ao mesmo tempo, enviou ao Congresso a chamada "lei do desarmamento do cidadão". Soa estranho, na atual conjuntura, quando o país não tem nem poder nuclear, nem mais indústria bélica própria, enquanto os EUA aniquilam um país soberano, sem apresentação de provas conclusivas sobre os autores do atentado terrorista. Será que é para facilitar a tomada de nosso território e de nossas riquezas? Afinal, sabemos que numa guerra convencional não temos chance, só restando a guerrilha na selva, pois aos invasores não interessa a destruição das riquezas existentes através de bombardeios. E então será importante a posse de todo tipo de arma, até facas, bastões etc. por aqueles que vão defender nosso patrimônio e nossa soberania

E as últimas máscaras caíram. O senador republicano Paul Coverdell, presidente do subcomitê de relações exteriores do Senado norte-americano para assuntos do hemisfério ocidental, pregou, no dia 25.02.99, em Washington-EUA, a intervenção direta, de maneira unilateral, na América Latina, a pretexto de "proteger" a democracia. O senador afirmou que as ações da OEA (Organização dos Estados Americanos) na região têm sido insuficientes e chegou a afirmar que a América Latina atingiu um estágio em que golpes militares já não são aceitos. De acordo com ele, os EUA "devem ir mais fundo no combate a golpes em câmara lenta, em que um líder eleito livremente esmaga a democracia em seu país". Como exemplo, o senador citou a Venezuela, onde, segundo ele, o presidente Hugo Chávez teria adotado medidas para concentrar o poder em suas mãos, passando por cima de controles constitucionais. As idéias de Coverdell serão difundidas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um centro de investigação de tendência conservadora.

A História mostra que, ao longo do tempo, os EUA já realizaram diversas intervenções diretas militares, como no Panamá e Granada, mas a maior parte é feita através de ações indiretas, como, recentemente, no Paraguai e no Equador, quando ameaçaram impor sanções econômicas, chegando até a perspectiva de um bloqueio de comércio, a exemplo do ocorrido em Cuba, além de empregar na coação administrações caudatárias, como a do Brasil. No Paraguai, o objetivo explícito era esmagar o general nacionalista Lino Oviedo, próximo de empalmar o poder, pois elegeu, com seu apoio, o candidato vencedor, obrigado a renunciar, depois do assassinato do vice-presidente que a mídia internacional amestrada atribuiu, sem provas, a autoria intelectual ao general. No Equador, chegaram a derrubar, em questão de horas, a junta constituída após a renúncia formal do presidente deposto, depois de "dolarizar" a economia, para mantê-la.

Contam com a cumplicidade, a subserviência, a vassalagem de grande parte das elites dos países periféricos. Por intermédio dos "neoentreguistas", bem como dos velhos entreguistas, dominam a economia, controlam os centros de irradiação de prestígio cultural (meios de comunicação de massa, universidades, teatro, cinema), financiam os seus servos em campanhas a cargos eletivos, de vereador a presidente, elegendo os mais dóceis ao seu comando. Basta o leitor olhar para as administrações de vários países integrantes da América Latina, para constatar a realidade. E, não satisfeitos, chegam ao acinte de empregar seu aparato de inteligência, braço do complexo militar-industrial norte-americano, para, em cooperação com países cúmplices (anglo-saxões), praticar espionagem industrial de seus próprios "aliados", inclusive na Europa, por meio da NSA (Agência Nacional de Segurança), capaz de interceptar as comunicações de qualquer natureza, seja qual for o meio utilizado. É a rede Echelon.

É sabido que um americano médio consome o equivalente a dez vezes aquilo que um brasileiro médio. E querem continuar a usufruir as benesses do avanço do processo civilizatório, sem levar em conta os custos, inclusive ecológicos e ambientais, negando-se até a subscrever o Acordo de Kyoto. Tentam imputa-los aos países emergentes, como o Brasil. O objetivo deles é a manutenção de suas posições hegemônicas, a qualquer custo.

O crime perpetrado contra a humanidade, sob a desculpa da "globalização", em nome do neoliberalismo, onde poucos ganham muito e muitos perdem o pouco possuído, não passará incólume na História. Suas conseqüências danosas continuam a ser flagradas e denunciadas passo a passo, tais como: o esfacelamento de nações outrora prósperas como a Iugoslávia, a destruição implacável de povos e etnias como os palestinos, a imposição do conceito de soberania relativa, quando os EUA, sem autorização expressa da ONU, atacam violentamente outros países. Ontem, a antiga Iugoslávia. Hoje, o Afeganistão. Amanhã, poderá ser qualquer um. Um número cada vez maior de nações e povos ultrapassa os limites da linha de pobreza, devido ao brutal processo de concentração de renda. A riqueza vai sendo transferida progressivamente para os países mais ricos, via comércio internacional, onde os índices de relação de troca penalizam cada vez mais os países menos desenvolvidos. Outro instrumento importante de transferência consiste no pagamento de juros extorsivos, provenientes da formação de dívidas originárias, principalmente, do perverso mecanismo de juros sobre juros, tornando impossível a liquidação do principal. Outro mecanismo empregado reside no pagamento de "royalties", lucros e dividendos, cada vez mais volumosos, fruto da ampliação de investimentos dos "donos do mundo" nas nações periféricas, em especial em setores estratégicos e vitais como comunicações, energia, água.

Parece um retorno ao passado. Na época das grandes navegações, países com pequena extensão territorial e população modesta, como Portugal e Espanha, detentores de tecnologia de ponta, à época, capital e iniciativa, realizaram estes feitos para ocupar regiões ricas em recursos naturais, com vasta extensão territorial, como, por exemplo, as Américas. O filme se repete. Portugal, França e Espanha estão aplicando vastos recursos no setor energia. Os EUA em comunicações. A Vale do Rio Doce comprada pelos "donos do mundo". Possui o direito de lavra de um subsolo possuidor de reservas no valor de trilhões de dólares. A estratégia deles é trocar "papel-pintado" por recursos vitais, que serão escassos no terceiro milênio, como a água.

O Brasil é detentor da maior reserva de água doce do mundo, em sua maior parte na Amazônia. O "ouro branco" será o recurso mais raro e disputado, nos próximos anos. Guerras acontecerão por sua causa. Nos EUA, a Flórida e a Califórnia já estão dessanilizando a água do mar, a custos elevados, por carência de água doce. E eles estão interessados em garantir, para o futuro, a propriedade destes recursos raros. Hoje, o petróleo. Amanhã, a água. Daí a cobiça internacional pela rica região amazônica. Não é só a água. São os recursos minerais, vegetais, a biogenética, a fauna. Não será exagero afirmar que a nação possuidora da Amazônia será a potência do terceiro milênio. Por isto, devemos ocupa-la não só militarmente, como economicamente, para mantê-la no Brasil. Caso não o façamos, de imediato, perderemos, direta ou indiretamente, esta terra de Canaã, herdada de nossos antepassados. Com a cumplicidade de traidores da pátria os "donos do mundo" vão tomando posse da região, a pretextos vários. Demarcação de terras indígenas, sob a orientação de ONGs estrangeiras, compra de territórios, ocupação dissimulada através de "grilagem", criação de reservas ambientais.

É necessário agirmos enquanto é tempo para evitar a perda irreparável.

Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Site: www.brasilsoberano.com.br

Agendem-se_Passem isso para os outros colegas

Queridos ficamos assim:

Quinta (18/09)

01 - Você deve levar seus escritos, conforme combinado, para finalização da unidade.
02 - Assistiremos ao filme Desmundo, no Auditório, ás 15h.

Sexta (19/09)

01 - De manhã, prosseguimos nossos estudos com o módulo.
02 - Haverá a gincana do colégio, de modo que, nossa atividade que ocorreria às 15h fica para a semana que vem.


Quinta (25/09) / Sexta (26/09)/Sábado (27/09)

Queridos, nestas datas estarei em Jequié, de modo que, nossas atividades voltarão a ocorrer na semana seguinte. Atenção: creio ser interessante você usar estes horários que seriam para nossas aulas com leituras do livro de Roberto DaMatta, "O que faz o Brasil, Brasil". Não preciso lembrar que nosso tempo é curto, então, mão na massa! Já lembrei (rsrsrs).

Quinta (02/10)

01 - De manhã quero revisitar aqueles textos que solicitei anteriormente: Carta ao Zézimo, Família do Rubem Fonseca. É importante leitura anterior e levar os textos.

02 - De tarde (15h). Vamos resolver questões de vestibulares. Leve o material que disponibilizamos na Copimax. São três provas. Há uma cujo título é "PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais" e uma outra, com o título "Pronera". Tem outra também, mas não me lembro o título. Está tudo lá.


Sexta (03/10)- Teatro Amor, ensaios e tudo o mais

01 - De manhã, prosseguimos nossos estudos com o módulo.
02 - Tarde / ensaios e outras correrias
Noite da Sexta - Grande noite - 19h / Teatro!!!!!


Sábado (04/10)
01 - Às 9:30 - eh! vida dura! Vamos nos reunir para resolver uma outra prova, conforme já tínhamos combinado. Desta vez teremos um momento sistematizado, no qual, você resolve as questões e vê como está, certo?


Quinta (09/10)
01 - Aula de manhã no Áúdio com discussões diversas;
02 - Á tarde! 15horas. Exibiremos um vídeo interessantíssimo da historiadora Lília Schwarz sobre o Brasil e aqueles que o retrataram por meio de telas. Vale demais a pena. Exibiremos o filme "O nome da rosa" adaptação de obra homônima do escritor Umberto Eco.

Bj no coração
qq coisa: alexandre.pro@gmail.com / alex_iasc@hotmail.com. Este último apenas para o msn.

sábado, 13 de setembro de 2008

Se raças não existem, é inegável que insistem!

José Carlos Gomes dos Anjos


Dizem especialistas que fazendo um cruzamento sistemático entre a pertença racial e os indicadores econômicos de renda, emprego, escolaridade, classe social, idade, situação familial e região ao longo de mais de 70 anos, desde 1929, chega-se à conclusão de que no Brasil, a condição racial constitui um fator de privilégio para brancos e de exclusão e desvantagem para os não-brancos. Do total dos universitários, 97% são brancos, sobre 2% de negros e 1% de descendentes de orientais. Sobre 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 70% deles são negros. Sobre 53 milhões de brasileiros que vivem na pobreza, 63% deles são negros.
O carnaval se aproxima. Nossos sentidos estão adequados a uma partição de fenótipos por espaços sociais. Lemos rostos todos os dias, em cada lugar, como lemos nossos livros e desconfiamos de algumas proposições. Se sairmos de uma sala de aulas da UFRGS numa sexta à noite para irmos a uma quadra de escola de samba, nossa ontologia racial se impõe numa evidência: um fracionamento de espaços sociais por raças como se o território da universidade fosse dos brancos (daí meu mal estar cotidiano) e a quadra pertencesse aos negros (como reclama com sustentável dignidade, o passista). É evidente que são poucos negros em uma sala de aula da UFRGS para muito poucos brancos na escola de samba.
Apenas a Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN agrega mais de trezentas entidades do movimento negro, Unegro e MNU são outras entidades nacionais com agremiações em quase todos os Estados brasileiros; qualquer um que tenha participado de reuniões iniciais de entidades do Movimento Negro sabe que o rito de iniciação no engajamento militante passa por cerimônias dolorosas de explicitação espontânea de vivências da condição de vítima de racismo; entre os não militantes é crescente o numero de depoimentos em agências como o SOS - Racismo, sem contar as delegacias nada preparadas para receber e muito menos contabilizar as denuncias de racismo. Mas a evidência insiste. Que essa partição espacial e essas denúncias evidenciam um racismo insistente e persistente, não basta a história, não bastam os números, não bastam os depoimentos dos negros, não basta a nossa sensibilidade de qualquer dia desses (passe por lá e saiba do que estamos falando!)?
Que a não existência do racismo possa ser decidida apesar dos depoimentos dos negros (e brancos), apesar dos números das estatísticas, isso surpreende! O que surpreende é a pergunta sobre esse lugar privilegiado de acesso ao real, essa arrogância epistêmica, esse protocolo que vence objetividades (tão desconstruíveis) e subjetividades (tão passiveis de serem relativizadas) .
Meu caro divino, mas de onde você está falando cara-pálida? Que lugar inacessível é esse que te permite definir os objetos de meu mundo apesar de mim, os objetos do teu mundo apesar das tuas estatísticas? Como decides sem mim as fronteiras entre mim e ti, quando elas existem e quando não existem? O que te permite partir e repartir o mundo em crenças paranóicas e racistas de um conjunto de movimentos sociais negros e a verdade subjetiva de todo o resto supostamente não racializado? Apenas o olhar arrogante da tua bela ciência? O que te permite definir quando o que o “nativo” diz deve ser levado em conta e, sobretudo quem é o “nativo” que merece teu crédito? Esse lugar de enunciação que, supõe acesso tão privilegiado ao real, que vos permite dizer que não existe o racismo que sobre meu corpo insiste não é o sinal mais flagrante de vossa branquitude?
- se você disser que possui protocolos científicos muito mais razoáveis do que as dores que me colam à pele e reinventam a cada dia meu confinamento negro, te direi que é exatamente disso que estou falando: que queremos também um lugar sob esse sol que vos permite dizer coisas tão razoáveis (porque suspeito que continue a não ver as mesmas coisas que você vê, porque viemos de historicidades diferentes e nossas ontologias precisam ser negociadas para que encontremos mundos comuns). É essa necessária diplomacia que reclama presenças negras mais numerosas na universidade. E você pode não estar certo, sobre a inexistência do racismo!
Diz displicentemente, um dos maiores antropólogos brasileiros da atualidade que “já há coisas demais no mundo que não existem” para que o antropólogo continue se dando ao luxo do inventário das inexistências! Na disciplina, esse já displicente senso do (mal) estar entre ontologias variáveis não tem sido compartilhado como uma ética do cuidado com as existências, essas delicadas criaturas. Muitos de nossos colegas insistem em arbitrar sobre o que existe e o que não existe, desgraçadamente apesar das dores de “seus nativos”.
Está nos fundamentos dessa disciplina particularmente preparada para lidar com a alteridade que é a antropologia, a suspeita sistemática de que os objetos insistentes no mundo prévio do pesquisador possam não ser tudo o que existe. E que as dores, convicções e cosmologias dos outros também se referem a coisas que de fato existem e que talvez estejam além das ontologias “razoáveis” do pesquisador. Isso faz a felicidade da crítica sistemática ao etnocentrismo e institui a própria noção de alteridade que baliza a disciplina. Tem sido surpreendente a ausência dessa humildade disciplinar na voz de diversos cientistas sociais brasileiros quando lidam com a questão racial. Não seria básico perguntar antes de decretar a inexistência: “o que é o racismo que eles dizem que sofrem?”; “O que significa para eles o racismo?”; “quanto e como consigo traduzir esse afeto (modo de afetar o mundo e de ser afetado nele)?”
Que o racismo não exista, isso só não surpreende numa ligeireza jurídica que esvazia o conteúdo sociológico de uma relação de des-humanizaçã o na desgraçada formalidade da busca de evidência de interdição/proibiçã o: se você chama o sujeito de negro sujo você o ofendeu, mas não interditou nada, portanto trata-se de ofensa e não de racismo! Que esse negro nunca mais tenha condições subjetivas de voltar ao lugar do insulto, isso não é um problema do jurista! Mas nós? Vamos nos ater a temporalidades tão confinadas, tão decepadas dos encadeamentos históricos mais substantivos?
Se raças de fato não existem, pelo menos no Brasil insistem! Insistem nos números, insistem nos depoimentos negros, assim como está presente nas vossas mais humanistas declarações de intenções a respeito de cotas na universidade.
Raça é algo que a modernidade não para de fazer inexistir, seja através dos atuais processos de controle de fluxos mundiais de populações ou no antigo projeto nazista de extermínio daquilo que seus ideólogos inventaram como a mais radical alteridade do povo alemão, ou através do processo de censura sobre o termo raça e ainda nas múltiplas formulações humanistas condenando o racismo... De todo o modo a gestão da inexistência insistente de raça é um dos problemas cosmopolíticos dos modernos: como repartir as coisas e pessoas que existem de modo que raças não existam convincentemente? É disso que as nossas estatísticas falam: as coisas que existem e que valem a pena (que são capitais, recursos para outras coisas, passaporte para outros caminhos) não estão suficientemente bem repartidas para que raças tanto não existam como não insistam.
Um de nossos problemas modernos é exatamente o da infinitude desse processo de fazer inexistir raças, a demorada implausibilidade de tornar convincente essa inexistência quando todas as demais partições de nossos espaços sociais parecem deixar flagrante a ausência da inexistência de raças.
Porque tanta insistência em demonstrar o que não existe, senão porque raça insiste em ser um problema histórico não passível de ser contornável apenas discursivamente? É da existência histórica dessa insistência, da existência dessas múltiplas políticas para fazer inexistir, que estamos falando. O que esta subjacente a tanta insistência? Um geneticista talvez possa deliberar sobre a existência de raças do ponto de vista biológico. Mas não pode decidir sobre nossas ansiedades para que se pare em falar em raças, sobre como produzir políticas de desracializaçã o das mentalidades e dos dispositivos objetivos de produção de repartições de populações nos espaços sociais. Esse é o nosso problema histórico, social, nem minimamente genético.
O que está em jogo é que a polícia me reconhece como negro sem me pedir a carteira genética; que os meus colegas, francamente, imediatamente me reconhecem como negro sem um teste de DNA, apesar de cientistas e sua maldita hermenêutica da dúvida sistemática; meus alunos até desconfiam que meu excesso de melanina possa carregar junto outros excessos e, sobretudo muitas deficiências... É do peso histórico do efeito agregado de milhares de reconhecimentos cotidianos ligeiros e insustentáveis como esses que estamos falando. Trata-se de falar de raça do prisma sociológico e enquanto efeito histórico de dispositivos objetivos e de disposições subjetivas para repartir e definir o lugar das pessoas tendo como uma das bases de impressão (é preciso lembrar Goffman e a política da primeira impressão na estruturação das interações cotidianas?) : o fenótipo. O “lugar de negro”, esse princípio de partição que muitos de nós gostaríamos de banir, se faz evidente porque existe esse substrato material causador de impressões marcantes em disposições subjetivas preparadas para racializar.
O anti-racismo ligeiro não percebe que a inexistência de raças não se faz por um passe de mágica de uma enunciação científica. Não é porque cientistas dizem que raças não existem que elas passam a não existir socialmente. Historicamente a não existência de raças precisa ser praticada, inventada, imaginada em dispositivos institucionais concretos, tornada presença visível de negros na ossatura institucional da nação até que se naturalize tal presença. Se a presença de negros, nos espaços mais caros da nação, não for tão visível a ponto de se tornar natural, estaremos condenados a ter a presença visível da insistência de raça.
É por isso que o problema das modalidades de inserção positiva e visível do negro brasileiro na ossatura institucional da nação em nada reclama os palpites políticos de cientistas da genética. Políticas relacionadas a patrimônio genético merecem bem uma atenção decisiva desses profissionais. Quanto a políticas afirmativas a favor de negros e indígenas, cabe perguntar a cada um dos partícipes da assembléia de quem sua sensibilidade especial lhe faz porta-voz: Dos negros, dos indígenas, dos brancos, de mestiços, da bandeira nacional, da mulata ardente, etc.? Essas entidades de fato não existem nos minúsculos mundos científicos dos geneticistas! Estes deveriam defender políticas de genes como cientistas e palpitar sobre raças do ponto de vista político como qualquer outra voz cidadã. Não deixa de surpreender, nesse surpreendente Brasil, que geneticistas tenham se tornado experts abalizados, consultáveis em políticas públicas referentes a dimensões históricas gigantescas e macroscópicas da nação brasileira. Para tanta pretensão deveriam agregar ao menos duas especialidades!
Esquecem-se por vezes, alguns “cientistas” que a temporalidade das ciências não é a mesma das demais dimensões das mentalidades de nossa época. Que a mentalidade racista vem sendo praticada no Brasil há cinco séculos enquanto que as descobertas da genética sobre a inutilidade da categoria raça é algo bem mais recente, deveria ser trivial! Sobretudo, que a penetração na vida social das descobertas das ciências obedece a ritmos e está sujeita a reinterpretaçõ es imponderáveis, tardias e desconcertantes, também a essa altura deve ser trivial. Mas o problema dessas trivialidades é que são inconseqüentes para esse ligeiro pensamento anti-racista que, como diria o velho e bom hoje inominável, “confunde as coisas da lógica com a lógica das coisas”.
Então cabe repetir: para o bem e para o mal, só uma ínfima parcela dos brasileiros são cientistas. Não apenas muitos poucos detêm os rudimentos dos conhecimentos dos geneticistas, mas, mais ainda, nós os cientistas sociais precisamos lidar não apenas com o que existe de fato para os biólogos, mas também com os efeitos globais das práticas associadas ao que os demais brasileiros acreditam que existe. É disso que estamos falando, do efeito global de raça que muitos brasileiros de muitas maneiras diferentes praticam como “existências”.
E do que alguns “intelectuais” estão falando quando dizem que políticas afirmativas de corte racial são políticas perigosas? Do que mesmo eles têm medo? Qual é o tabu que faz com que não se explicite com a mesma insistência da declaração profética qual é o perigo real e quais os seus contornos? De onde viria o perigo? Quem seria o agressor? Que disposições subjetivas estariam por trás dessa onda devastadora do nosso sublime humanismo não-racista?
Será que eles temem que a nossa generosa cordialidade racial não resista ao teste de uma equiparação da presença de negros e brancos na universidade? Será que esse patrimônio da nação que é o mito da democracia racial não serve sequer para sustentar uma nova disposição moral que exige e desafia que negros estejam tão imediatamente quanto possível convivendo com brancos em número razoável em nosso campus? Será que eles acham que brancos não conseguem conviver com indígenas a não ser na relação pesquisador- objeto? Mas então para que “raios” serve esse tal de mito da democracia racial que tanto insistem que preservemos? Porque acreditar em cordialidade racial se isso não é de forma alguma assimilável a idéia de enfrentamento solidário de um problema de desigualdade que deixa visível a ausência de negros nos campus? Será que temem que suas quimeras estejam se arruinando ao primeiro teste? É o espectro do incêndio racista na casa de estudantes da UNB que consome suas veleidades da ausência brasileira de percepção racializada de mundo?
Se fosse apenas isso, precisaríamos nós, tão progressistas, de outras razões para desafiar disposições subjetivas tão hipócritas, mesquinhas e iníquas?
O pior é que talvez eles não concordem comigo sobre o caráter injusto de uma resposta violenta a política de cotas! No fundo, esses intelectuais ultra-humanistas, talvez concordem que esse ódio-racial-branco- nascente estaria justificado pela injustiça da “entrada não meritocrática de negros”! Talvez eles temam o potencial ainda não testado de seus próprios ódios raciais. Eles, tão humanistas!
Se assim for viva a ligeira cordialidade racial! Ela não sobrevive ao menor teste, mas sustenta nossos desencontrados sorrisos de corredor.
Já agora se deveria notar, antes que nos exijam uma comparação culturalmente exacerbada entre os EUA (da gota de sangue) e o Brasil (do branqueamento como fórmula de dissolução do racismo), que os diversos grupos racializados e estigmatizados por conta da noção de raça não carregam as mesmas historicidades. As fórmulas de equacionamento de suas dores e memórias de sofrimentos não são transferíveis esquematicamente. Será necessário recordar que, no Brasil, os judeus vêm passando, desde “o início da nação”, por um processo inacabado de branqueamento prenhe de dores? E que passar a ser reconhecido como branco não é igual a se desracializar? E que mesmo se fosse, as diferenças históricas e de substratos ontológicos impedem soluções similares para negros e judeus? Que gerações de negros vêm ensaiando o branqueamento sem que o quadro geral deixe de ser trágico, porque a branquitude é uma ideologia que carrega intrinsecamente uma noção de pureza que acusa todo o processo de purificação denunciável?
Para nós, os negros, a nova tragédia deriva do fato de que os donos de nossas ontologias passaram a decretar que o racismo que sobre nós insiste na verdade não existe!
Isso torna muito mais trágico o já agora “nosso” racismo, que deixou de ser denunciável. Não se trata de uma operação intelectual nova, mas a escola paulista (Florestan, Bastide, Iani...) que respondeu a demanda da Unesco sobre a harmonia racial brasileira já nos havia aliviado em parte do fardo dessa inexistência.
Se já é difícil conviver com um racismo efetivamente existente, como imaginam o fato da inexistência do racismo que me fere em cada detalhe do cotidiano? Se já era difícil o racismo real, agora, vivemos, nós os negros, o trágico do racismo inexistente como um bando de paranóicos racistas? O problema cosmopolítico é que esse é um bando grande demais para uma mania passível de ser resolvida numa instituição psiquiátrica que já não seja um outro mundo!


José Carlos dos Anjos é Dr. em Antropologia e Professor do Departamento de Sociologia da UFRGS.
Este texto foi coletado do endereço eletrônico: http://afrobrasileira.multiply.com/journal

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Os flamboyants _ Rubem Alves


A manhã estava linda: céu azul, ventinho fresco. Infelizmente, muitas obrigações me aguardavam. Coisas que eu tinha de fazer. Aí, lembrei-me do menino-filósofo chamado Nietzsche que dizia que ficar em casa estudando, quando tudo é lindo lá fora, é uma evidência de estupidez. Mandei as obrigações às favas e fui caminhar na lagoa do Taquaral.

Bem, não fui mesmo caminhar. Meu desejo não era médico, caminhar para combater o colesterol. Caminhar, para mim, é uma desculpa para ver, para cheirar, para ouvir... Caminho para levar meus sentidos a dar um passeio. Tanta coisa: os patos, os gansos, os eucaliptos, as libélulas, a brisa acarinhando a pele — os pensamentos esquecidos dos deveres. Sem pensar, porque, como disse Caeiro, 'pensar é estar doente dos olhos'. Aí, quando já me preparava para ir embora, já no carro, vejo um amigo. Paramos. Papeamos. Ele, com uma máquina fotográfica. Andava por lá, fotografando. Não tenho autorização para dizer o nome dele. Vou chamá-lo de Romeu, aquele que amava a Julieta. Me confidenciou: 'Vou fazer uma surpresa para a Julieta. Ela adora os flamboyants. E eles estão maravilhosos. Vou fazer um álbum de fotografias de flamboyants para ela... Você não quer vir até a nossa casa para tomar um cafezinho?'

Fui. Mas ele me advertiu: 'Não diga nada para ela. É surpresa...' Esta história tem sua continuação um pouco abaixo. Recomeço em outro lugar.

As crianças da 3ª série do Parthenon, escola linda, me convidaram para uma visita. Elas tinham estado fazendo um trabalho sobre um livrinho que escrevi, O Gambá Que Não Sabia Sorrir. Queriam me mostrar. Foi uma gostosura. É uma felicidade sentir-se amado pelas crianças. Eu me senti feliz. Aí aconteceu uma coisa que não estava no programa. Uma menininha, na hora das perguntas, disse que ela havia lido a minha crônica Se Eu Tiver Apenas Um Ano a Mais de Vida...

Espantei-me ao saber que uma menina de nove anos lia minhas crônicas. Lia e gostava. Lia e entendia. Aí ela acrescentou: 'Recortei a crônica e trouxe para a professora...' Confirmou-se aquilo de que eu sempre suspeitara: as crianças são mais sábias que os adultos. Porque o fato é que muitos adultos ficaram espantados e não quiseram brincar de fazer de contas que eles tinham apenas um ano a mais para viver. Ficaram com medo. Acharam mórbido.

As crianças, inconscientemente, sabem que a vida é coisa muito frágil, feito uma bolha de sabão. Minha filha Raquel tinha apenas dois anos. Eram seis horas da manhã. Eu estava dormindo. Ela saiu da caminha dela e veio me acordar. Veio me acordar porque ela estava lutando com uma idéia que a fazia sofrer. Sacudiu-me, eu acordei, sorri para ela, e ela me disse: 'Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?' Eu fiquei pasmo, sem saber o que dizer. Mas aí ela me salvou: 'Não chore porque eu vou abraçar você...'

As crianças sabem que a vida é marcada por perdas. As pessoas morrem, partem. Partindo, devem sentir saudades — porque a vida é tão boa! Por isso, o que nos resta fazer é abraçar o que amamos enquanto a bolha não estoura.

Os adultos não sabem disso porque foram educados. Um dos objetivos da educação é fazer-nos esquecer da morte. Você conhece alguma escola em que se fale sobre a morte com os alunos? É preciso esquecer da morte para levar a sério os deveres. Esquecidos da morte, a bolha de sabão vira esfera de aço. Inconscientes da morte aceitamos como naturais as cargas de repressão, sofrimento e frustração que a realidade social nos impõe. Quem sabe que a vida é bolha de sabão passa a desconfiar dos deveres... E, como disse Walt Whitmann, 'quem anda duzentos metros sem vontade, anda seguindo o próprio funeral, vestindo a própria mortalha'.

O pessoal da poesia está levando a sério a brincadeira. Eu mesmo já fiz vários cortes drásticos em compromissos que assumi. Eram esferas de aço. Transformei-os em bolhas de sabão e os estourei. Pois o pessoal da poesia decidiu que, no programa de um ano de vida apenas, num dos nossos encontros não haveria leitura de poesia: haveria brinquedos e brincadeiras. Cada um trataria de desenterrar os brinquedos que os deveres haviam enterrado.

Obedeci. Abri o meu baú de brinquedos. Piões, corrupios, bilboquês, iô-iôs e uma infinidade de outros brinquedos que não têm nome. Seria indigno que eu levasse piões e não soubesse rodá-los. Peguei um pião e uma fieira e fui praticar. Estava rodando o pião no meu jardim quando um cliente chegou. Olhou-me espantado. Ele não imaginava que psicanalistas rodassem piões. Psicanalista é pessoa séria, ser do dever. Pião é coisa de criança, ser do prazer.

Acho que meus colegas psicanalistas concordariam com meu paciente. A teoria diz que um cliente nada deve saber da vida do psicanalista. O psicanalista deve ser apenas um espaço vazio, tela onde o paciente projeta suas identificações. Mas a minha vocação é a heresia. Ando na direção contrária. 'Você sabe rodar piões?', eu perguntei. Ele não sabia. Acho que ficou com inveja. A sessão de terapia foi sobre isso. E ele me disse que um dos seus maiores problemas era o medo do ridículo. Crianças são ridículas. Adultos não são ridículos. Aí conversamos sobre uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado: que, talvez, uma das funções da terapia seja fazer com que as pessoas não tenham medo das coisas que os 'outros' definem como ridículo. Quem não tem medo do ridículo está livre do olhar dos outros.

Preparei o encontro de poesia de um jeito diferente. Nada de sopas sofisticadas. Fui procurar macarrão de letrinha, coisa de criança. Não encontrei. Encontrei estrelinhas. Fiz sopa de estrelinhas. E toda festa de criança tem de ter cachorro-quente. Fiz molho de cachorro-quente. E nada de vinho. Criança não gosta de vinho. Gosta é de guaraná.

Foi uma alegria, todo mundo brincando: iô-iôs, piões, corrupios, bilboquês, quebra-cabeças, pererecas (aquelas bolas coloridas na ponta de um elástico)... Rimos a mais não poder. Todo mundo ficou leve. Aí tive uma idéia que muito me divertiu: que na sala de visitas das casas houvesse um baú de brinquedos. Quando a conversa fica chata, a gente abre o baú de brinquedos e faz o convite: 'Não gostaria de brincar com corrupio?' E a gente começa a brincar com o corrupio e a rir. A visita fica pasma. Não entende. 'Quem sabe, ao invés do corrupio, um bilboquê?' E a gente brinca com o bilboquê. Aí a gente estende o brinquedo para a visita e diz: 'Por favor, nada de acanhamentos! Experimente. Você vai gostar...' São duas as possibilidades. Primeira: a visita brinca e gosta e dá risadas. Segunda: ela acha que somos ridículos e trata de se despedir para nunca mais voltar...

Pois a Julieta — aquela do Romeu — me trouxe uma pipa de presente. Vou empinar a pipa em algum gramado da Unicamp. E aí ela nos contou da surpresa que lhe fizera o Romeu. Fotografias de flamboyants vermelhos — que coisa mais romântica! Árvores em chamas, incendiadas! Cada apaixonado é um flamboyant vermelho! E nos contou das coisas que o Romeu tivera que fazer para que ela não descobrisse o que ele estava preparando.

Mas o mais bonito foi o que ele lhe disse, na entrega do presente. Não sei se foi isso mesmo que ele disse. Sei que foi mais ou menos assim: 'Sabe, Julieta, aquela história de ter um ano apenas a mais para viver... Pensei que você gostava de flamboyants e que você ficaria feliz com um álbum de flamboyants. E concluí que, se eu tiver um ano apenas a mais para viver, o que quero é fazer as coisas que farão você feliz...'

Um ano apenas a mais para viver: aí os sentimentos se tornam puros. As palavras que devem ser ditas, devem ser ditas agora. Os atos que devem ser feitos, devem ser feitos agora. Quem acha que vai viver muito tempo fica deixando tudo para depois. A vida ainda não começou. Vai começar depois da construção da casa, depois da educação dos filhos, depois da segurança financeira, depois da aposentadoria...

As flores dos flamboyants, dentro de poucos dias, terão caído. Assim é a vida. É preciso viver enquanto a chama do amor está queimando...

sábado, 6 de setembro de 2008

Mona - Lisa / Crespa / Dura - Todos os tipos





Neste sábado discutimos intertextualidade - Paródia, Paráfrase. Apropriação de imagens foi a tônica do debate. Dái aparecem "as Monalisas".

IMAGENS PARA QUE TE QUERO


Temos trabalhado bastante com imagens em nossas aulas. Isso é, creio eu, fundamental, vez que o mundo imagético tem nos tomado de assalto. Textos como Hagar, Mafalda, Turma da Mônica, Kalvin estão sendo discutidos. Além do mais, comerciais, propagandas em diversos veículos de comunicação. É isso!

~ O verbo "for"

JOÃO UBALDO RIBEIRO

Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário - evidentemente o condizente com a nossa condição provecta -, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha de se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruibarbosamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.

Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava,

- Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra - dizia ele ao entanguido vestibulando.

- “Catilina, quanta paciência tens?”- retrucava o infeliz.

Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.

- Ai, minha barriga! - exclamava ele. - Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos Dirigi? Salvai essa alma alímaria. Senhor meu Pai!

Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinizinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo “dar um show”. Eu dei show de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

- Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

-As margens plácidas - respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

- Por que não é indeterminado, “ouviram, etc.”?

- Porque o “as margens plácidas” não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. “Nem teme quem te adora a própria morte”: sujeito: “quem te adora”. Se pusermos na ordem direta…

- Chega! - berrou ele - Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “”for” tanto podia ser do verbo “’ser” quanto do verbo “ir”. Pronto pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

- Esse “”for” aí, que verbo é esse? Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

- Verbo for.
- Verbo o que?
- Verbo for.
- Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. - Nós fomos, vós fondes, ele fõem.

Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.

João Ubaldo Ribeiro

PROVA "TIPO" ENEM

ALGUNS FIZERAM UMA PROVA NO COLÉGIO HÁ UMAS DUAS SEMANAS. NESTA PROVA, ALÉM DE QUESTÕES DE OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO, ESTAVAM PRESENTES QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA. DISPONIBILIZEI PARA O PROF. ÉDER, COORDENADOR DA ATIVIDADE, O GABARITO, E O FAÇO AQUI EM NOSSO ESPAÇO TAMBÉM. SUCESSO E DIGAM COMO FORAM, CERTO?


Gabarito Questões Língua Portuguesa e Literatura Brasileira




01 A
02 A
03 D
04 E
05 C
06 D
07 B
08 C
09 B
10 D

DATA: 06_09_2008

Site primordial

Amigos, este site é do governo federal - ou seja, é nosso!!
Aí, ele tem diversos vídeos, imagens, textos diversos...

Vale conferir!!

Abraço
Alex


http://www.dominiopublico.gov.br

Carta ao Zézim

Carta ao Zézim
Autor: Caio Fernando Abreu


http://www.releituras.com/caioabreu_carta.asp

Queridos, neste sítio você escontra outras leituras muito interessantes. João Guimarães Rosa e Rubem Fonseca também estão em "releituras". Abraços e boas leituras.

Provas! Estes materiais serão discutidos! Atenção

Queridos, vamos discutir as provas de Vestibulares na sexta - feira à tarde dia 12 de setembro, às 15 horas.


Temos uma prova que começa assim "Parâmetros Curriculares Nacionais", etc, etc. E outra "prova" com o nome "Pronera". Este material pode ser adquirido na Copimax.

Por que discutir isso? Para treinarmos para o "vestibular" e "resolver" dúvidas, ok?

Abraços

Sobre nossas aulas

Queridos, aqui disponibilizo materiais que usamos em aula ou que ainda vamos utilizar. Vá fuçando e vamos nos correspondendo. Pode deixar comentários sobre textos e tudo o mais. Bj no coração. Alexandre