quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pérola II

Caro Deputado Arlindo Chinaglia, venho falar-lhe em busca de explicações das indevidas quantidades de gasolina ultilizada pelos deputados durantes os últimos dois meses.

Nós brasileiros queremos saber o por que e para que foram gastas absurdas quantidades de combustível.Caro Deputado seria muito pedir isso? São exatamente 1.000.000 de litros de gasolina. O Senhor por um acaso sabe quantas viagens de ida e volta na lua seriam possíveis dar com tudo isso? 15. E quantas voltas na Terra? 255. Mas para o Senhor no que isso importa afinal é só o Senhor apresentar a nota fiscal no do fim e mês e esta tudo muito certo. Mas para nós isso vale muito por que má administração do dinheiro público. Dos impostos aos quais somos forçados a pagar todos os meses e se atrasamos um dia se quer ah não quero nem pensar. Porque a justiça em nosso país, nosso Brasil além de cega é surda, muda e também aleijada por que nós pobres não temos se quer a liberdade de lutar pelos nossos direitos.

Ao invés de serem usados para educação, saúde, criação de novos empregos e saneamento básico, isso tudo fora o pagamento da dívida externa que pela primeira vez os níveis dos cofres públicos superam esta alta quantia. Para onde foram estes 2.790.000,00 reais. Educação? Saúde Pública? NÃO.

Caro Deputado as próximas eleições estão chegando se quiser se reeleger tome mais cuidado com a adiminstração do dinheiro público. Nós temos o direito de saber para onde vão os impostos pagos.

Cordialmente,


Rebeca Barreto Cabral

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

PÉROLA

Dia de Maria, dia de José

Álvaro Meneses de Oliveira



Levantei cedo, cinco da manhã, fiz o café da manhã para todos, coloquei a carne do almoço de hoje na panela de pressão, lavei os pratos e limpei a cozinha, troquei as sacolas de lixo do banheiro e botei um novo rolo de papel higiênico, voltei pro quarto, não pra dormir! Arrumei a cama, coloquei o despertador dele pra daqui uma hora soar aquele alarme irritante. Tomei banho, bebi um pouquinho de café, sem alimentação extravagante, pra não engordar, acordei as crianças, às vestir com seus uniformes, passei na escola, às deixei lá, com um beijo em cada uma, e fui para o trabalho.



Levantei cedo, com um porre do caramba, logo após o despertador ter tocado, tomei banho e depois o café da manhã, que já estava pronto na mesa. Assistir dez minutos do noticiário e depois partir pro trabalho.



Cheguei no trabalho, primeiro que todos, arrumei minha sala, sentei na minha cadeira, arrumei a papelada em cima da mesa e abrir aquele sorriso que já está quase paralisado em meu rosto, para agradar as pessoas e esconder minha infelicidade. Passei o dia atendendo centenas de pessoas, vários tipos diferentes, tive que manter a paciência com cada um, porém, teve senhor que tava me enchendo o saco, que não conseguiu resolver seu problema e ficou inventando histórias para o gerente, que me disse para eu me por em meu lugar. Pensando bem, que lugar é esse que os outro sempre querem me por, deve ser o espaço que a sociedade criou para agente, para nos conter e nos controlar. Voltei pra casa correndo para preparar o almoço.



Cheguei no trabalho, ainda não havia começado o expediente, enquanto isso fiquei jogando conversa fora com meus companheiros. Quando começou, me dirigir para minha máquina e ergui alguns ferrolhos que faziam parte da obra, depois de algum tempo tivemos o horário do lanche, onde ficamos comendo e assobiando para as gostosas que passavam por perto da construção. Depois, trabalhei na minha maquina mais algumas horas, quando acabou o expediente matutino voltei tranquilamente pra casa, a tempo de pegar o almoço.



Voltei, preparei o feijão que estava na panela, temperei a carne e cozinhei o arroz. Arrumei os pratos na mesa. Ele chegou na hora certa, e se pôs a almoçar com agente.

Quando terminei, tirei a mesa e lavei os pratos. Tomei banho, escovei os dentes e falei com as crianças para irem fazer suas atividades. Minutos depois voltei pro trabalho.



Voltei, tomei banho, e fui pro almoço, que por sinal tinha saído atrasado, sorte dela eu ter demorado um pouco mais pra chegar. Terminei, fui dormir meia hora, acordei e fui pro trabalho.



Lá foi a mesma coisa que de manhã, fora alguns clientes chatos a mais e as cobranças sem motivo do gerente, não sei porque?! Estava fazendo meu trabalho corretamente.

Nessa noite eu voltei pra casa um pouco preocupada por causa das ameaças do meu chefe, de tirar o meu emprego caso eu não aceita-se suas propostas indecentes, aquele velho nojento!



Hoje eu num vi a hora de sair da firma. E quando essa hora chegou, fui com toda minha galera pro buteco aliviar o cansaço do dia e tomar uma geladinha, claro que também levamos algumas mulheres conosco, pra da umas pegadinhas nelas pra esquecer aquela baranga preguiçosa lá de casa que não faz nada direito. Meia noite eu volte pra casa.



Quando ele chegou, eu o esperava preocupada, percebi que estava bêbado de novo, também percebi que logo ele iria se irritar porque não havia janta e que iria sobrar porrada pra mim. Ele veio esturrando com aquele bafo de pinga, não entendeu minha desculpa de que estava muito cansada e não conseguir fazer a janta, aliás, ele nunca entende nada que eu digo. Por causa disso eu sofro calada.



E é na noite que nosso dia se encontra, nessa historia vivida dia após dia, da “igualdade” entre duas pessoas, pois meu nome é Maria e o meu é José.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mordaz e Inteligente

Encontrei este texto no Blog de Ruan. Como concordo em gênero, número e degrau (rsrsrs), segue o texto....

Pura demagogia

Alunos que têm aula com o professor Alexandre adoram falar mal de coisas que eles próprios gostam ou usam, talvez para ficar bonitinho na imagem e na cabeça do professor, no popular "puxar o saco".
Um dos mais criticados pelo professor e que os alunos "apoiam" é o McDia Feliz. Estão certos, o McDonald's poderia fazer muito mais do que só isso, mas o estranho é que esses mesmos alunos que criticam o McDia Feliz não perdem um ano. Esse ano mais de 80 alunos do CEFET de Eunápolis "prestiagiaram" o McDia Feliz com suas presenças.
Muitos alunos do CEFET são cheios de "presepada". Uma verdadeira "cambada" de demagogos que fingem que querem mudar o mundo! Hum, pobres mortais. O engraçado é que não fazem nada para melhorar o mundo de verdade. Vamos para exemplos: uma das tarefas da gincana era arrecadar o maior numero de alimentos. A comissão teve que prorrogar mais de uma semana essa tarefa, pois menos de 15 kg foram arrecadados, o que não mudou muito, já que no final da prorrogação menos de 30 kg de alimentos foram entregues. O dinheiro que 30 dos 80 alunos gastaram no McDonald's já eram suficientes para a que a instituição de caridade que vai receber os alimentos arrecadados, alimentasse os carentes por 5 ou 6 dias.
Um outro exemplo que poderia ajudar os próprios alunos do CEFET foi o caso do refeitório. Alunos criticaram o grêmio estudantil por não correr atraz do funcionamento do refeitório do colégio. O grêmio junto aos professores correram atraz e conseguiram muita coisa, mas na hora que precisa dos alunos para o funcionamento, cadê os super-herois salvadores do mundo? Não sei. O grêmio pediu uma contribuição de R$ 0,50 (apenas cinquenta centavos) por aluno para a compra de panelas. Alguns alunos até chegaram a entregar o dinheiro para os lideres de sala, mas esse dinheiro nunca chegou a sala do grêmio estudantil.
Vamos mudar o mundo minha gente! Cadê os super alunos demagogos? Resposta: estão espalhados pelo CEFET, pouco se lixando se você tem fome, pouco se lixando se você está com frio, pouco se lixando pra você. Vamos mudar o mundo com ações........não com palavaras.

P.S. Desculpa a sinceridade.


Ruan - Blog interativo

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Atenção ____ Agenda

Quinta - 20/11 - Trazer seu texto "Igualdade de gênero" para ser lido em sala de aula.

Sexta - 21/11 - ENTREGAR "PROVA" - / Discutir: O que faz o brasil, Brasil?

Sexta - 21/11 - (TARDE) - 15h10min - Para as turmas Em11 / Ed21 e Ei21 - ENTREGAR "PROVA" - / Discutir: O que faz o brasil, Brasil?

Sábado - 22/11 - Filme: Germinal - Discussão de "O manifesto comunista" - Cheguemos às 8:40 meu povo, aí dá pra dormir um pouquinho, né?

Quinta - 27/11 - Auto-avalição - Este é o momento pra você dizer que é lindo/linda, que sabe tudo, aprendeu, mostrar o que aprendeu, como e por quê? Fecharemos as notas. Blog deve estar atualizado e tudo entregue.

Sexta - 28/11 - Auto-avaliação - Prosseguimos com a atividade.

Nossa prova

Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia – CEFET

Alexandre Fernandes
Língua Portuguesa e Literaturas
Semana de 06 a 08 de novembro

Queridas e queridos, nossa prova ocorrerá do seguinte modo. Primeiro vamos ler os textos abaixo, que recebem a assinatura de Josiane Soares. Esta jovem e brilhante autora nos brinda com textos inteligentes e perspicazes. Após, vocês deverão escolher dois textos dentre estes que lemos agora e dois textos dentre os que a profª Rosangela leu com vocês. A partir dos textos que vocês escolheram, quatro e não mais do que quatro, construam um texto, em prosa, dissertativo, analisando, comparando, inferindo, relacionando os textos. Primem por uma análise que demonstre seus conhecimentos sobre “eu-lírico”, “metáfora”, “metononímia” e demais figuras de linguagens, “escolas literárias” e outros escritos e escritores. Demonstrem que vocês são leitores e escritores maduros. Boa sorte.


Atenção: No caso do 2º ano, devem fazer dois textos. Ao invés de discutir quatro poesias em um único texto, farão dois textos para cada par de poesia escolhida.

Sem tino

Desatino, a vida.
Desatinar, o verbo.
Identificar a linguagem do mundo
Quando tudo o que eu quero é calar...
Ou repetir sem parar... Lençol, estrada, sem fim, madrugada...
Geme a madrugada, desatinada...
Brilha manhã espargindo raios indolentes e solitários...
Mais um dia suportado...
... Sob a estrela matutina depois de uma noite revirada,
É tarde sob e sobre mim.
É tarde fora e dentro de mim.
E eu não percebi o instante que anunciava o transcender








Poema bobo

Sendo você, palco; quero ser artista.
Sendo você, artista; quero ser platéia.
Sendo, você, folha; quero ser orvalho.
Sendo você, orvalho; quero ser manhã.
Sendo você, manhã; quero ser sol,
Mas se chover, serei terra.



Comentário Idiota

Quem gosta de coroa é rei, disseram-me quando fiz trinta.
Ri da ironia do destino.
Que faço agora eu, eu que sempre gostei de plebeu?




Gatos no telhado


Era a sede e a fome,
O desejo e a ânsia,
Os pelos a trair a pele,
O cheiro a revelar o gosto,
Nenhum mistério a lhes envolver,
Exceto o lugar comum.

Sobre o telhado os astros,
Dentro deles,
A vontade se despe,
O querer dos felinos...
Entre o abandono e a entrega.

Era a linguagem dos bichos
Matando saudade, fazendo descobertas,
Banheira de saliva, sem água nem ervas.
Na coreografia dos corpos,
Nada se esconde ou revela,
Exceto o que se expressa.




Encontro Marcado

Na caravana desta vida, quando os sonhos partem,
Que medos ladram?
Se somos todos estrangeiros, numa terra inóspita e árida
Se escondemos nossas fraquezas,
Que desejos tecem nossa coragem?
Se fugimos da rotina, se lutamos por liberdade,
Se transgredimos as regras,
Porque tememos as tempestades?
Se sorrimos ou choramos,
Se rendemos ou lutamos,
Só há uma única verdade,
Somos parte desse todo indivisível,
Desse emaranhado de vidas atadas pelo acaso
E não importa onde, quando, quem, ou como,
O destino nos alcança e nos lança ao inesperado.

Paradoxo

Portadora do imprevisto, indócil, arfante, infante.
Indômita fêmea, efêmera, vulcânica, delirante.
Aranha tecendo a vida, inexata, imprecisa, instantânea.
No riso, aventura, a promessa de abismos, mistérios, tortura...
No olhar, tormenta, fé, persistência, sobrevivência.
Na alma, a alegria da menina. No peito a sabedoria da mulher...
Vêm como um pesadelo que atormenta a noite,
Pra no amanhã desvanecer.
E atravessa-nos como um traço de luz, fugaz e eterno...
Teu sentir tem asas. Tua lágrima, dor.
Tuas palavras, efusão. O abraço, chama.
Oceano, teu amor. Bálsamo, a solidão.
Mensageira da coragem, selvagem, primitiva, destemida.
É ela uma flor rara que nasce somente em terreno sáfaro...
E para alimentá-la e conservá-la,
Basta apenas um único raio,
Uma única gota de orvalho,
A poesia.

domingo, 9 de novembro de 2008

Nossa prova

Atenção! Você deve entregar a prova para a prof. Rosangela, conforme combinamos no dia 21_11.

O pessoal da ed21, ei21 e outros que não a fizeram por conta de estarem nas atividades da Semana da Consciência Negra devem pegar o material aqui na net e responderem como os outros.

A Ed21 e Ei21 sabe que deve produzir dois textos;

Abraços

Alexandre

Atenção ___ Agende-se

Queridos

1 - Rosangela me substitui nos dias 20 e 21. Ela vai discutir os textos que vocês fizeram para o "igualdade de gênero". Levem seus textos para leitura.

2 - A discussão de "O que faz o Brasil, Brasil" fica para 27 e 28 pela manhã.

3 - O filme "Germinal" será apresentado no dia 27 de tarde, 15h. Tinha dito dia 22, mas estarei na UESC nesta data.

4 - Dia 28 é o encerramento, então, seu blog deve estar atualizado, as atividades em dia e as discussões para o E-lite firmes.

QQ dúvida,

por favor....
alexandre.pro@gmail.com
Alexandre

Programação do Evento _ Atenção _ Vamos repassar

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

III Semana da Consciência NEGRA ____ REUNIÃO

AMIGOS, AMIGAS! PRECISAMOS NOS REUNIR PARA RESOLVER QUESTÕES DA SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

ESTAMOS ELEGENDO A SEXTA - FEIRA 07/11 PARA CONVERSAMOS

ESTA REUNIÃO É PARA TODOS OS MONITORES E PARA OS INTERESSADOS EM PARTICIPAR!!

ABRAÇOS

ALEX

sábado, 1 de novembro de 2008

III Semana da Consciência Negra ____ Castro Alves

SANGUE DE AFRICANO
Castro Alves

Aqui sombrio, fero, delirante
Lucas ergueu-se como o tigre bravo...
Era a estátua terrível da vingança...
O selvagem surgiu... sumiu-se o escravo.
Crispado o braço, no punhal segura!
Do olhar sangrentos raios lhe ressaltam,
Qual das janelas de um palácio em chamas
As labaredas, irrompendo, saltam.
Com o gesto bravo, sacudido, fero,
A destra ameaçando a imensidade...
Era um bronze de Aquiles furioso
Concentrando no punho a tempestade!
No peito arcado o coração sacode
O sangue, que da raça não desmente,
Sangue queimado pelo sol da Líbia,
Que ora referve no Equador ardente.


DESESPERO
Castro Alves


"Crime! Pois será crime se a jibóia
Morde silvando a planta, que a esmagara?
Pois será crime se o jaguar nos dentes
Quebra do índio a pérfida taquara?
"E nós que somos, pois? Homens? — Loucura!
Família, leis e Deus lhes coube em sorte.
A família no lar, a lei no mundo...
E os anjos do Senhor depois da morte.
"Três leitos, que sucedem-se macios,
Onde rolam na santa ociosidade...
O pai o embala... a lei o acaricia...
O padre lhe abre a porta à eternidade.
"Sim! Nós somos répteis... Qu’importa a espécie?
— A lesma é vil, — o cascavel é bravo.
E vens falar de crimes ao cativo?
Então não sabes o que é ser escravo!...
"Ser escravo — é nascer no alcoice escuro
Dos seios infamados da vendida...
— Filho da perdição no berço impuro
Sem leite para a boca ressequida...
"É mais tarde, nas sombras do futuro,
Não descobrir estrela foragida...
É ver — viajante morto de cansaço —
A terra — sem amor!... sem Deus — o espaço!
"Ser escravo — é, dos homens repelido,
Ser também repelido pela fera;
Sendo dos dois irmãos pasto querido,
Que o tigre come e o homem dilacera...
— É do lodo no lodo sacudido
Ver que aqui ou além nada o espera,
Que em cada leito novo há mancha nova...
No berço... após no toro... após na cova!...
"Crime! Quem falou, pobre Maria,
Desta palavra estúpida?... Descansa!
Foram eles talvez?!... É zombaria...
Escarnecem de ti, pobre criança!
Pois não vês que morremos todo dia,
Debaixo do chicote, que não cansa?
Enquanto do assassino a fronte calma
Não revela um remorso de sua alma?
"Não! Tudo isto é mentira! O que é verdade
É que os infames tudo me roubaram...
Esperança, trabalho, liberdade
Entreguei-lhes em vão... não se fartaram.
Quiseram mais... Fatal voracidade!
Nos dentes meu amor espedaçaram...
Maria! Última estrela de minh’alma!
O que é feito de ti, virgem sem palma?
"Pomba — em teu ninho as serpes te morderam.
Folha — rolaste no paul sombrio.
Palmeira — as ventanias te romperam.
Corça — afogaram-te as caudais do rio.
Pobre flor — no teu cálice beberam,
Deixando-o depois triste e vazio...
— E tu, irmã! e mãe! e amante minha!
Queres que eu guarde a faca na bainha!
"Ó minha mãe! ó mártir africana,
Que morreste de dor no cativeiro!
Ai! sem quebrar aquela jura insana,
Que jurei no teu leito derradeiro,
No sangue desta raça ímpia, tirana
Teu filho vai vingar um povo inteiro!...
Vamos, Maria! Cumpra-se o destino...
Dize! dize-me o nome do assassino!..."
_________________
"Virgem das Dores,
Vem dar-me alento,
Neste momento
De agro sofrer!
Para ocultar-lhe
Busquei a morte...
Mas vence a sorte,
Deve assim ser.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
"Pois que seja! Debalde pedi-te,
Ai! debalde a teus pés me rojei...
Porém antes escuta esta história...
Depois dela... O seu nome direi!"

HISTÓRIA DE UM CRIME
Castro Alves

"Fazem hoje muitos anos
Que de uma escura senzala
Na estreita e lodosa sala
Arquejava u’a mulher.
Lá fora por entre as urzes
O vendaval s’estorcia...
E aquela triste agonia
Vinha mais triste fazer.
"A pobre sofria muito.
Do peito cansado, exangue,
Às vezes rompia o sangue
E lhe inundava os lençóis.
Então, como quem se agarra
Às últimas esperanças,
Duas pávidas crianças
Ela olhava... e ria após.
"Que olhar! que olhar tão extenso!
Que olhar tão triste e profundo!
Vinha já de um outro mundo,
Vinha talvez lá do céu.
Era o raio derradeiro.
Que a lua, quando se apaga,
Manda por cima da vaga
Da espuma por entre o véu.
"Ainda me lembro agora
Daquela noite sombria,
Em que u’a mulher morria
Sem rezas, sem oração!...
Por padre — duas crianças...
E apenas por sentinela
Do Cristo a face amarela
No meio da escuridão.
"Às vezes naquela fronte
Como que a morte pousava
E da agonia aljofrava
O derradeiro suor...
Depois acordava a mártir,
Como quem tem um segredo...
Ouvia em torno com medo,
Com susto olhava em redor.
"Enfim, quando noite velha
Pesava sobre a mansarda,
E somente o cão de guarda
Ladrava aos ermos sem fim,
Ela, nos braços sangrentos
As crianças apertando,
Num tom meigo, triste e brando
Pôs-se a falar-lhes assim.