quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nossa prova

Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia – CEFET

Alexandre Fernandes
Língua Portuguesa e Literaturas
Semana de 06 a 08 de novembro

Queridas e queridos, nossa prova ocorrerá do seguinte modo. Primeiro vamos ler os textos abaixo, que recebem a assinatura de Josiane Soares. Esta jovem e brilhante autora nos brinda com textos inteligentes e perspicazes. Após, vocês deverão escolher dois textos dentre estes que lemos agora e dois textos dentre os que a profª Rosangela leu com vocês. A partir dos textos que vocês escolheram, quatro e não mais do que quatro, construam um texto, em prosa, dissertativo, analisando, comparando, inferindo, relacionando os textos. Primem por uma análise que demonstre seus conhecimentos sobre “eu-lírico”, “metáfora”, “metononímia” e demais figuras de linguagens, “escolas literárias” e outros escritos e escritores. Demonstrem que vocês são leitores e escritores maduros. Boa sorte.


Atenção: No caso do 2º ano, devem fazer dois textos. Ao invés de discutir quatro poesias em um único texto, farão dois textos para cada par de poesia escolhida.

Sem tino

Desatino, a vida.
Desatinar, o verbo.
Identificar a linguagem do mundo
Quando tudo o que eu quero é calar...
Ou repetir sem parar... Lençol, estrada, sem fim, madrugada...
Geme a madrugada, desatinada...
Brilha manhã espargindo raios indolentes e solitários...
Mais um dia suportado...
... Sob a estrela matutina depois de uma noite revirada,
É tarde sob e sobre mim.
É tarde fora e dentro de mim.
E eu não percebi o instante que anunciava o transcender








Poema bobo

Sendo você, palco; quero ser artista.
Sendo você, artista; quero ser platéia.
Sendo, você, folha; quero ser orvalho.
Sendo você, orvalho; quero ser manhã.
Sendo você, manhã; quero ser sol,
Mas se chover, serei terra.



Comentário Idiota

Quem gosta de coroa é rei, disseram-me quando fiz trinta.
Ri da ironia do destino.
Que faço agora eu, eu que sempre gostei de plebeu?




Gatos no telhado


Era a sede e a fome,
O desejo e a ânsia,
Os pelos a trair a pele,
O cheiro a revelar o gosto,
Nenhum mistério a lhes envolver,
Exceto o lugar comum.

Sobre o telhado os astros,
Dentro deles,
A vontade se despe,
O querer dos felinos...
Entre o abandono e a entrega.

Era a linguagem dos bichos
Matando saudade, fazendo descobertas,
Banheira de saliva, sem água nem ervas.
Na coreografia dos corpos,
Nada se esconde ou revela,
Exceto o que se expressa.




Encontro Marcado

Na caravana desta vida, quando os sonhos partem,
Que medos ladram?
Se somos todos estrangeiros, numa terra inóspita e árida
Se escondemos nossas fraquezas,
Que desejos tecem nossa coragem?
Se fugimos da rotina, se lutamos por liberdade,
Se transgredimos as regras,
Porque tememos as tempestades?
Se sorrimos ou choramos,
Se rendemos ou lutamos,
Só há uma única verdade,
Somos parte desse todo indivisível,
Desse emaranhado de vidas atadas pelo acaso
E não importa onde, quando, quem, ou como,
O destino nos alcança e nos lança ao inesperado.

Paradoxo

Portadora do imprevisto, indócil, arfante, infante.
Indômita fêmea, efêmera, vulcânica, delirante.
Aranha tecendo a vida, inexata, imprecisa, instantânea.
No riso, aventura, a promessa de abismos, mistérios, tortura...
No olhar, tormenta, fé, persistência, sobrevivência.
Na alma, a alegria da menina. No peito a sabedoria da mulher...
Vêm como um pesadelo que atormenta a noite,
Pra no amanhã desvanecer.
E atravessa-nos como um traço de luz, fugaz e eterno...
Teu sentir tem asas. Tua lágrima, dor.
Tuas palavras, efusão. O abraço, chama.
Oceano, teu amor. Bálsamo, a solidão.
Mensageira da coragem, selvagem, primitiva, destemida.
É ela uma flor rara que nasce somente em terreno sáfaro...
E para alimentá-la e conservá-la,
Basta apenas um único raio,
Uma única gota de orvalho,
A poesia.

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